sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hirondelle.


Um misto de sensações, ânimos, desânimos. É intenso e tenso. A rua é sem fim em sua cabeça. Todas as ruas lá são sem fim. É tudo infinito. É só o paraíso e mais nada, só a liberdade em voô livre, guiada pelas asas de um pássaro que nem sabe se sabe voar, lembrava um Fernão Capelo versão para maiores. Era como se as árvores o olhassem saudosas do tempo em que estava sempre por ali, despreocupado, com a cabeça em qualquer outro lugar distante que parecia ser tão melhor. Ah, se eu fosse o primeiro a prever e mudar, tão diferente assim não seria.É como se o vento soprasse forte pra que ficasse. É como um cigarro, só é bom fumar porque sentimos alívio quando a fumaça deixa o corpo respirar novamente. Vive da névoa, o oxigênio custa caro e por hora, ele não pode pagar. Enfim sabia que era uma alucinação real, sentia-se assim meio Alice, assustado e encantado pelo desconhecido que já conhecia em seu íntimo. Taquicardia tão saudável quanto o cigarro preso entre seus dedos, transformando em cinza seus medos. Estava rodeado de rostos e sentia-se sufucado pelos segredos que antes não habitavam suas falas.E mesmo se já eram segredos, não os via com avidez, não procurava saber. Ah Fernão, volta pro ninho.Deixa pra lá essa história de voar.Ou nega.Continua.Deixa que a lágrima que nem chega a deixar teus olhos seja a única a desejar regresso. E agora te peço Capelo, que não atendas meu apelo e fique com os pés no chão. Vira a esquina daquelas ruas sem fim.Deixa chorando essas árvores tão saudosas, mas volta, volta com as asas abertas sobre o rio que te fascina desde a infância. Não é um adeus, nem um tchau, é só um até logo com um sorriso no rosto e um aperto no coração.