terça-feira, 11 de maio de 2010

(Not so)Holy Day,


Que legal são os feriados! A família toda reunida, todo mundo feliz, contente.
Churrasco rolando solto, algumas dúzias de cerveja, todos os parentes que você não vê a anos (muitas vezes por opção própria) e uma bela dose caprichada de crianças bem chatas (vide: primos).
A maravilha desse sublime dia de extrema utilidade começa logo cedo, quando se iniciam os preparativos para o grande almoço, seja ele carne com batatas, carne assada, ou carne no churrasco, enfim carne (salvo se você for de uma família de vegetarianos). São geralmente doze pessoas pra fazer o trabalho de uma em um dia regular, mas parece que só pelo fato de ser feriado precisa multiplicar a complexidade de mão-de-obra para coisas simples, tal como trocar uma lâmpada, dar comida para o passarinho, cachorro, gato ou qualquer outro animal. Tudo isso vira uma grande tarefa coletiva. Em algum ponto do dia, alguma criança vai vomitar, e ela vai vomitar no seu quarto, perto do seu quarto, na parte da casa que você mais gosta de ficar, no seu lugar de sentar-se à mesa ou no sofá. O melhor disso é que aquela tia gorda com algo no rosto que parece ser uma verruga, mas você não tem exatamente certeza do que seja, vai olhar em sua bela face, sorrir e falar “ele não é uma gracinha?”. Ta bom, ta tudo bem, até ai é possível relevar. Seguido a ordem cronológica desse belo dia, vem o almoço e suas peculiaridades. Começando por lugares na mesa. Ah isso é uma maravilha, nunca, e reforço incansavelmente a palavra “nunca”, terá lugar para todo mundo sentar. Tudo bem, até ai é aceitável, não fosse pelo fato da sua prima “no life” sentar do seu lado no sofá previamente vomitado pelo seu primo com refluxo e começar a falar das aulas práticas do curso de medicina na faculdade federal que ela estuda. É, ta ótimo, você não passou na federal e seu curso não salva a vida das pessoas, mas pelo menos nos últimos 20 anos você fez sexo. Ela não. Continuando a trajetória, vem a fantástica hora da sobremesa. Via de regra é um bolo com todas as frutas que as pessoas não tem coragem de comer sem muito leite condensado e merengue em volta (e mesmo assim fica péssimo). Legal, você deve estar pensando “ah, que fácil é só não comer”. É claro que é só não comer, mas esqueceu que hoje é FE-RI-A-DO? Quem trouxe o bolo? A sua tia avó que fugiu da segunda guerra mundial, trabalhou nas lavouras de cana de açúcar, é filha/neta/bisneta de escravos ou já morou em uma aldeia indígena. Não tem como negar, você vai comer o bolo e vai fingir que esta gostando ao empurra-lo com muita coca-cola escutando seu tio médico (o pai da prima virgem) dizer que isso faz mal para os ossos. Perfeito, você resolve pegar uma cerveja e é OBVIO que ela esta quente, porque seu pai já bebeu mais ou menos umas 18 latinhas e o que sobrou foi uma Kaiser edição comemorativa da copa de 2002 que estava encostada em um canto da geladeira, do lado de uma lata de sardinhas. Melhor que nada, você bebe, e na esperança de encontrar cinco minutos de sossego vai para o quarto escrever um texto ou acessar um site pornô (o que no fim da no mesmo). Adivinha quem vai te perseguir para conversar? Sua irmã/irmão pré-adolescente que esta descobrindo só agora que feriado é um saco (principalmente quando cai no domingo). Este pequeno ser humano esta mal-humorado, esta com raiva do primo de nome esquisito que gosta de golfar nas coisas alheias, e você é a única válvula de escape para essa criatura juvenil. Ele(a) vai implicar com suas roupas, com seu cabelo, com as musicas que você escuta e vai falar que você é um fracassado. Levantando a hipótese de esse irmão ser mais velho, acontecera exatamente a mesma coisa com a diferença dessa malhação ser feita com um estilo mais rebuscado.
A tarde vem chegando e os parentes finalmente resolvem ir embora. Sossego? Eu acho que não pequeno gafanhoto. Ainda tem varias atividades a serem feitas dentro de casa, ainda tem louça para lavar, ainda tem o resto do churrasco para organizar na geladeira, ainda tem os animais de estimação para alimentar. Lembra quantas pessoas são necessárias para fazer uma atividade relativamente simples em um feriado? Todos os presentes no ambiente. É uma longa tarde, coroada com a dança dos famosos na televisão e/ou amigos na internet contando o quão legal foi o feriado deles (mentindo provavelmente, mas você não sabe disso e fica furioso). A noite chega, seu pai esta praticamente em coma alcoólico, você encontra mais umas duas cervejas quentes perto dos legumes e vai achando que finalmente chegou a paz. É a magnífica hora de lembrar que tem milhões de coisas que deveriam ter sido feitas ou na semana anterior ou durante os “dias úteis” do final de semana. Aquela sensação de angustia e pânico, quase patológica toma conta do teu ser, a programação na TV é a melhor possível, o Fantástico vem ai! A internet encontra-se em um marasmo absurdo e tudo que te resta a fazer é respirar fundo, bater no peito e dizer: Ainda bem, amanhã é SEGUNDA-FEIRA.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Petit


Veja bem, é tanta vontade que mal cabe em mim, tal felicidade de sabor tão ruim, pois espera ansiosa sua hora chegar. Pensa bem, ascende em ti o que nem te falei, ri agora que meu peito fora mais além, do que qualquer palavra pudesse chegar. Ai de ti, se ao ler essas linhas não pense sequer, em falar no meu ouvido palavra qualquer, seja esta de bem ou até mal-me-quer. Escuta agora, que minha alma vadia já não se apavora, de talvez dessa vez ser deixada afora, espera apenas inerte sua voz ressoar. Veja bem meu bem, se te digo demais não exagero no entanto, se pudesse talvez entender meu encanto, verias razão pra tudo considerar. Porém menina, não se assuste com o peso das frases que almejo que leias a sorrir, pois nelas traduzo hipérbole confusa que minha cabeça insiste em florir. Se te quero menina, pode ser de passagem, sei que tua mocidade não te deixaria criar, sentimento que se afirme nessa grande viagem, floreios selvagens, paixão singular. Da contradição que se cria, nessas mesmas vitrinas do ardor que ilumina meus dias, te afirmo que nada é mentira, querer-te-ia em plena luz do dia, sem vergonha sem medo ou objeção qualquer. Ah menina! Se me preocupo com a intensidade de nosso utópico desfecho, é porque creio que o tempo não é apetrecho que defina o que bom,ou diga o que é ruim. Se tivesse pra mim um segundo de ti, poderia talvez, expressar de uma vez, essa tamanha vontade que mal cabe em mim.