segunda-feira, 15 de março de 2010

Entre nós


Ao que confunde atuação e ato
Ao que vive da beleza do fato
Ao belo de fora da estética
Ao silêncio que completa a dialética

Pelo clamor da idéia esquecida
Pelo amor à sagacidade atrevida
Pela paixão, essência de ópio
Pelo beijo inocente, inócuo

Valha-me tempo vivido
Dos fatos, dos atos, dos risos
Deixa-me entender a partida

Partes não, fico tão triste
Faz-me esquecer dos alívios
Do beijo, da fala, da vida.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Crush.


É fogo fátuo, ou talvez nem seja. É só uma troca de olhares, nada mais. Incrível como ele sempre enxerga as coisas da maneira mais pessimista possível. Por que cargas d’água não acreditava em si mesmo? Saber de fato não sabia, apenas desconfiava.
Era incrível buscar malicia na inocência e ao acaso encontrar o inverso. Sem pretensões poéticas, mas é o que da vida ao seu verso. O sorriso é gostoso, o hálito é fresco, tem cheiro de mocidade. Já o dele exala sensações que seus dentes não conseguem reter e seu pulmão já não mais absorve. Que incrível contraste. Que magnífica antítese. Dizem por ai que as reações químicas que ocorrem em nosso corpo são causadas por fatores externos, entre eles a atração. Disso ele não sabia. Só sabia do rubor, da imposição da virilidade através de gestos singelos. Homem comum. Temia que só através de nova paixão esquecesse os cacos das antigas que permaneciam em seu interior. Não seria mais um vidro a quebrar-se? Não estaria exagerando ao explicar química com olhares? Talvez não. Via que aos cegos que não crêem só restavam partículas dos cacos, tal qual ele, que em si desacreditava. Tinha plena consciência de que estava errado, mas mesmo assim era imutável em opinião, duro, turrão. Só lhe restava lembrar que inocência é feita de porcelana. Tão fácil de quebrar.