segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Soneto Bento

O Zyklon B esta em toda parte.
Câmaras abertas de gás
Alvos imóveis do abate
Vida longa, inerte, fugaz

Anti-heróis jogados aos montes
Nos cantos, fitando estáticos
Pasmos do quão enigmático
É o olhar de Belerofonte

Devaneios, cortes de facas
Existir é ilusão, besteira
E nós, protegidos, de máscaras

A esperança frágil,trêmula
Fábula forte, efêmera
Das artes, do viver,da mácula.

Lasciva Sophia.


Eu gosto é do gosto novo da brisa gelada.
Eu gosto é do impulso, puro pulso, sensação.
Traçar trajetorias retilíneas com lápis preto pra apagar depois
E curvar-se ao calor de qualquer verão.
Sou imagem pitoresca
Cheio de brisa fresca invadindo os pulmões.
E se não bastassem as visões do caos,das revoltas
Ainda vibram os rojões que estouram em utopias natimortas.
Sou fato comprovado.
Proteu, senhor do meu próprio fardo.
Prometeu,elevo-me ao vôo do pássaro de mil asas
Ardendo em brasa.
Sem render-me as falácias do senhor que seguem por empatia às desgraças.
Porque a ti se não enxugaste a lágrima do triste?
Se é que ele existe,
Ou é só brisa, gelada, fresca.
Imagem pitoresca do homem que és.

sábado, 28 de novembro de 2009

Les chemins


Ela se preocupava só com o que vivia dentro dela.ELe, com a imagem projetada aos olhos famintos de outrem.Preferia o silêncio, por fazer de sua alma feminina casta, fugindo do fel das palavras.Lembrava uma frase de Hobbes, dizia que verdadeiro e falso são atributos da linguagem, onde não há linguagem, não há verdade nem mentira.Achava que queria dizer linguagem falada.A linguagem dos olhos lhe agradava profundamente. Ele, pelo contrário, admirava as falácias pertinentes ao puxa-saquismo.Fazia "média" com Deus e o mundo, só pra auto afirmar identidade etérea. Criava história fictícias tão convincentes que ele mesmo chegava a acreditar. Era simpático. Um vencedor. Homem admirável.Ela contentava-se em agradar a poucos, com o muito que tinha a oferecer. Guiado pela aparência, não se deixava abater com o fim de relacionamentos. Chorava uma crise mundial que nem mesmo sabia do que se tratava. Fazia reverências a ídolos que nem eram seus. Ela chorava o sentimento, tinha um quadro com o rosto de Helen Keller pendurado na parede do quarto. Admirava os admiráveis. Ele era cantiga de escárnio disfarçada de romantismo. Ela era filosofia,encanto, poesia de Vinicius. E nem tentava parecer.Se ela gostava da frase de Hobbes, e a interpretava sabiamente, ele preferia maldizer Adorno.O homem estabelece-se na imitação. só sendo homem ao imitar outros homems.E era assim que agia, com sorriso no rosto na roda de amigos.Nem sabia mais quem era. As unhas dela eram roidas, o cabelo nem sempre estava impecável.Vivia e sorria, cantava e amava.Ele sempre preocupado, morreu de infarto, deixando a familia lembrando de quando os olhos do filho ainda brilhavam.Já ela, morreu da idade, deixou saudades pela pessoa que era.
São raros os que encontram na fragilidade da autenticidade um porto seguro. Comuns os feitos de pura imagem.Impermeáveis por fora e alagados por dentro. Tristeza perder o melhor de si, para tentar agadar a todos, e mesmo assim, não conseguir.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Musique.


Existe uma magia subliminar na ritmo, na batida. Algo tão futil que chega a ser necessário.A amplitude das ondas talvez tenha alguma coisa a ver com o feeling que é passado.Senoidal,Quadrada,Triangular, tanto faz.O que realmente não importa é a qualidade estipulada por padrões métricos, quase paranasianos de apreciação.É tudo uma tentavia frustrada de classificar o inclasificavel. O que sentem os timpanos ao vibrarem? Sabem estes distinguir uma diminuta ou um intervalo de terça?Será que um simples Power chord não causa a mesma emoção? Creio que sim.Creio no real sentido de fé. Qualquer barulho agradável, guitarra distorcida, bateria com groove sobre-humano não faz pensar na impedância do cabo coaxial. Faz a perna tremer, o braço levantar.Solta a voz presa na garganta. A escala jônica, pentatônica,húngara, frígia. Realmente não interessa muito ao leigo, não interessa muito a mim. We want rock and roll. Queremos a magia subliminar estampada no suor do rosto.No sangue no dedo. Na voz por vezes desafinada, gritada, cansada.Clássicos são clãssicos, eu sei, admiro e respeito tal como devem ser. Mas a supervalorização de coisas "perfeitas" demais, quebra totalmente o padrão de tudo que é moderno, livre e agradável. Quebrar as regras dos compassos. Binários, quaternários, ternários. Fazer da nota coração. Fazer do tempo emoção. Sem decifrar fórmulas de composições. Só cantar, dançar,tocar, realmente representar.

Claro que sim.


Será que essa nostalgia geográfica e emocional é normal na fase de transição dos 19-20 anos? Nem sei, nem quero saber.Até porque não faz diferença nenhuma o conceito de normalidade. E é absolutamente incrível como temos a capacidade de sempre ver o pior lado de tudo.Ou eu que sou pessimista demais?Rafael é pessimista. O pessimismo leva ao comodismo.Comodismo faz as pessoas cairem na rotina. Cair na rotina é não arriscar.Não arriscar bloqueia qualquer possibilidade de pessimismo. Rafael não arrisca. Logo, Rafael não é pessimista. Silogismo esquisito né? Acho que tudo na vida acaba em um dilema (variante mais comum do silogismo, eu acho). É como aquela história do queijo suiço. O queijo suiço tem furos. Quanto mais furos, menos queijo. Quanto maior o queijo, mais furos ele tem.Portanto, quanto mais queijo, menos queijo.
É eu sei que é uma coisa completamente sem sentido, mas qual o conceito de sentido? Para uma pessoa disléxica nem esquerda e direita é válido. Tudo é muito relativo. Nostalgias, desistências e pessimismos me fazem realmente pensar na proporção que as coisas tomam. Na maioria das vezes sem precisar, simplesmente pela supervalorização do negativo. Porque diabos inventaram a tal da filosofia? E porque me ensinaram a pensar? Tem vezes que eu queria ser um completo alienado. E isso em todos os sentidos. Nem que seja para usar minha mais-valia na criação de algo completamente alheio a mim. Ou para acreditar em algo novo, meias verdades, que seja. Niilista nato, eu nego, nego e nego. By the way, vai um queijo aí?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O grande culpado.




Ficar feliz sem motivo aparente.Que coisa estranha, um sorriso no rosto, brilho nos olhos.Realmente não to muito acostumado com isso.Na maioria das vezes é por ganhar alguma coisa, ou conseguir fazer algo que considerava impossível.Mas hoje não (e só hoje eu acho).Não acordei feliz, mas depois de um certo tempo do dia, alguma coisa me fez pensar na maravilha que é poder levantar e fazer o que quiser(ou não).Não vi nenhum deficiente físico conquistando seus direitos, nem um crente desesperado gritando no terminal de ônibus,e mesmo assim fiquei pensando sobre essas coisas.Sei que não faz nem um pouco meu perfil escrever palavras de auto-ajuda, pelo contrário,costumo ser mais crítico do que é aceitável pela grande maioria.Mas viver é algo tão singular que às vezes deixar de lado toda essa crítica faz bem.Enfim, lavar o rosto com água gelada,escovar os dentes, almoçar qualquer comida caseira gostosa.E demorar muito fazendo isso, demorar e apreciar cada segundo, tudo que vivemos é singular.Pode ser que eu coma arroz todo dia, que sente no sofá lá pelas 11:30 pra assistir History Channel.Mas a programação nunca é igual.O arroz nunca é igual.Que besteira isso de arroz e history channel.Credo, sera que eu ainda consigo fazer esse texto fazer sentido?Bom vamos lá.Pra começar Deus está morto.É isso mesmo, e eu to feliz.Mas calma, é aquela história que o Nietzsche fala em "Assim falou Zaratustra" e antes até, eu acho.Os conceitos do ser transcendente sendo quebrados, valores dogmaticos primitivos, caindo por terra.E talvez tenha até sido isso que me deixou feliz.Loucura não?Antes que alguem me ataque, falando que eu sou louco, que to blasfemando,não é isso.Não é do velhinho de barba sentado no trono cheio de luz que eu to falando.Cada um acredita no que quiser, e escrever contra isso não me faz feliz.To falando de quebra de paradigmas.Felicidade sem motivo.Mudança no gosto do arroz.Formar valores na sociedade pelo bem comum. Alguem já parou pra pensar no principal motivo de toda e qualquer guerra?Gott ist tot, mas seu cadáver permanece insepulto, e ocupando espaço em campos de batalha.Mesmo assim estou feliz.Feliz por saber que isso um dia vai acabar.Talvez os netos dos meus netos, mas alguem vai construir valores morais e reais, e a felicidade sem motivo aparente, vai enfim ser explicada.E quem sabe o history channel faz um documentário sobre isso em 2090.